A mulher na gestão esportiva
- Sara Nayara
- 3 de dez. de 2018
- 3 min de leitura
Inovação em uma das áreas mais cobiçadas do mercado profissional

No último século, as mulheres passaram a ocupar o espaço público de maneira mais intensa, fundamentalmente no período pós-guerra. Autonomia é a palavra chave para elas, que através do mercado de trabalho conquistaram mais independência econômica e pessoal.
O Núcleo de Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo realizou uma pesquisa com 2.502 entrevistadas, a fim de entender mais sobre as mudanças na condição da mulher que hoje é multifuncional. Quando questionadas sobre a primeira atitude que tomariam para que a vida das brasileiras tivessem melhorias, as respostas foram: fim das discriminações no mercado de trabalho (47%), igualdade dos direitos (10%), combate à violência contra as mulheres (9%), maior liberdade feminina (6%) e menos machismo (4%).
Mesmo com toda fecundidade e reconhecida ampliação de mulheres no mercado de trabalho, a área esportiva brasileira possui uma realidade diferenciada e com muitos campos a serem explorados. A presença masculina em federações, confederações e diferentes funções – dirigentes, técnicos, árbitros, vem de uma forte tradicionalidade.
A entrada das mulheres no campo da gestão esportiva não se deu com a mesma velocidade de diversas outras áreas. O âmbito da educação e do lazer, por exemplo, é mais propenso a ocupação de cargos decisórios, tendo em vista uma identificação feminina maior.
Conselheira vitalícia e única mulher membro do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) da Sociedade Esportiva Palmeiras, Neive Andrade (55), é um exemplo de mulher versátil e gestora de sucesso. Há mais de 19 anos no clube, ela foi eleita pelos próprios associados do clube e hoje além de mãe, esportista, advogada, ela gere com muita competência seu cargo na agremiação.
Para Neive, o desporto hoje tem uma identificação maior com a mulher. “A disputa feminina no esporte não é um empecilho ou dificuldade, hoje em dia temos campos disponíveis, nos tornamos mais competitivas e preparadas, vencemos o preconceito todos os dias e não deixamos nada disso ser uma barreira em nosso trabalho”, diz ela.
A imagem da mulher centrada no gerenciamento do lar e nos cuidados com a família ainda é muito intrínseca na sociedade brasileira, por essa razão, percebe-se que quando há uma participação feminina em gestão, de certo modo elas se tornam muito reconhecidas e analisadas em suas tarefas.
“A área esportiva tem tudo a ver com a mulher. O esporte é saúde, nós buscamos mais qualidade de vida, e aqui encontramos uma base que nos permite estar bem com nosso corpo e mente. As mulheres precisam estar no esporte e desfrutar de uma área tão rica e benéfica para elas, porém mulheres têm de estar à frente para valorizar essa lutar por todas”, afirma Neive.


PROGRAMAS DE GESTÃO
O conceito de gestão está relacionado a características pilares como planejamento, organização, liderança, controle e estudo. Hoje o gestor não depende somente de questões hierárquicas, as corporações exigem um perfil profissional experiente e habilidoso.
Para não ficarem em desvantagem, as mulheres têm investido em cursos e graduações preparatórias que as tornam candidatas fortes a muitas vagas de gestão, não só esportiva, mas de amplas áreas no mercado profissional.
Com objetivo principal de fomentar a participação da mulher na gestão esportiva, a partir da criação de espaços para troca de experiências e conhecimentos, a plataforma “Mulheres na gestão do esporte” vem desde 2014 emancipando e desenvolvendo competências para os desafios da atualidade feminina.
Com uma série de eventos voltados ao tema, profissionais renomados na área e parcerias esportivas de divulgação, o programa tem alcançado mulheres que desejam ingressar na área e também as que já estão e precisam de aperfeiçoamento profissional.
“O processo começa com a seleção dos temas que serão discutidos. A curadoria dos eventos faz uma pesquisa de assuntos relevantes, baseada em eventos de gestão esportiva que acontecem na Europa e nos Estados Unidos. Buscamos sempre escolher temas complementares, só então vamos buscar profissionais e divulgações”, explica Pedro Paulo Makhlouf, um dos fundadores do portal.
Ele complementa: “Mesmo com a queda de investimentos esportivos, a área está muito fatigada dos velhos cartolas e administradores antigos, por isso o momento é propício a empreender, inovar. As mulheres devem aproveitar este gancho para se estabilizarem como diferencial e modelo de mudança”.
Makhlouf ainda conta que as gestoras participantes se sentem aptas e competentes para se manterem à frente de suas entidades, com narrativas de novos ares para o esporte nacional. “Baseando-me nesses cinco anos que trabalho com esporte, percebo que as mulheres são muito mais receptivas em relação a novos projetos. É mais fácil trabalhar com elas e os resultados têm sido gratificantes”, conclui ele.
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