Lugar de mulher é na arbitragem!
- Sara Nayara
- 18 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de dez. de 2018
Seja em campo, quadra ou octógono, a arbitragem feminina vêm conquistando espaço e mostrando seu potencial na direção de competições esportivas

A arbitragem feminina brasileira tem crescido muito nos últimos anos, em diversas modalidades esportivas. A mulher passou a exercer esta função antes considerada masculina. Cada acerto é uma conquista, elas precisam mostrar firmeza para convencer que capacidade técnica, conhecimento do esporte e controle da partida independem de sexo.
Em 1967, Léa Campos tornou-se a primeira árbitra brasileira, enfrentando burocracias, resistências, meses de cursos e preparação física, dando o pontapé inicial para uma abertura na área. Na época, o então Presidente da CBD e futuro Presidente da FIFA, João Havelange, havia declarado que nenhuma mulher nunca se tornaria árbitra de futebol.
Léa hoje serve de inspiração para árbitras como Regildenia de Holanda Moura (45), que após doze anos de preparação, cursos e busca por oportunidades faz parte do tão almejado quadro de arbitragem da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Para ela, infelizmente a resistência na área é muito grande, entretanto, as oportunidades de inserção vêm surgindo mais e mais: “Nós temos que fazer todos os testes iguais aos homens, tanto físicos quanto teóricos. Porém, não somos escaladas com a mesma igualdade. Há sempre uma desconfiança em torno do nosso trabalho e preparação, nosso aproveitamento não é o mesmo, contudo temos que prosseguir firmes para quebrar esta barreira”.
Geneticamente é comprovado que a força e intensidade física do corpo e metabolismo masculino são maiores do que o feminino. Especificamente no futebol, os testes físicos da CBF e da FIFA são igualitários para homens e mulheres, ou seja, exigem esforço, treinamento e resistência dobrada para as árbitras, bandeirinhas e assistentes.
Embora sua presença seja indispensável para a realização de qualquer esporte, o ofício é alvo constante de duras críticas, muitas vezes injustas e no caso das mulheres ainda mais severas. “O erro da mulher, infelizmente, tem mais peso, porque temos poucas, por ser um número menor o erro se torna mais visível. Estatisticamente falando, talvez o homem erre o tanto quanto ou até mais do que a mulher, porém as proporções não são igualitárias pelo preconceito e pelo fato de sermos mulheres e minoria”, diz Regildenia.
DE ATLETAS A JUÍZAS
E não é só no futebol que o trabalho das árbitras é posto em xeque, Marilia de Lima Freire (25) faz a mediação em lutas de Jiu Jitsu, além de praticante, ela se interessou pela arbitragem e hoje atua em campeonatos regionais do país. Lidar com a pressão é um de seus pontos fortes, afinal no esporte de contato os ânimos ficam a flor da pele.
“Nesse caso, acho que a bagagem da faculdade de psicologia ajuda bastante. É ter a certeza de ser imparcial, arriscar e confiar no que está fazendo. Gritos e pressão vão existir sempre, mas quando a consciência está tranquila, sabemos nos manter mediante lutadores, técnicos e torcida”, afirma Marília.
Arbitragem principal, dois árbitros auxiliares, um marcador e seu auxiliar, o cronometrista e um operador de vinte e quatro segundos. Já que, no basquete os sinais controlam a partida, Nayene Gechele (22) e Kauane Gechele (22) são gêmeas e especialistas na arte de tomar decisões referentes às infrações ocorridas dentro e fora de quadra, além de sinalizar quando um arremesso vale dois ou três pontos, controlar as reposições de bola durante todo o jogo e o mais conhecido momento do lançamento da bola ao alto para o início do confronto.
Para Kauane, mesmo sendo amante do esporte, quando se está à frente de uma partida, sendo mulher e mais nova do que a maioria dos árbitros o preconceito fica nítido. “O basquete me ensinou o trabalho em equipe, disciplina e compromisso. Em um jogo cheguei a ser questionada pelo técnico se não deveria estar na mesa ou no cronometro ao invés de arbitrar”, ela ressalta.
As duas viajam bastante por conta dos campeonatos que trabalham. Paranaenses de Guarapuava, Kauane e Nayene afirmam que não só a arbitragem, mas o basquete em si precisa de mais visibilidade. “A modalidade basquetebol precisa de divulgação, transmissões de partidas na televisão, isso vai gerar credibilidade e as consequências serão positivas para o crescimento da arbitragem e o interesse das pessoas pelo esporte”.
No Brasil ser árbitro, mediador ou conciliador não é profissão, mas sim um encargo decorrente de especialidade profissional. Ou seja, a maioria das árbitras mantém o desafio de conciliar estudos, profissão, família, tarefas domésticas com a paixão pela arbitragem.
Carla Freitas (37) é pioneira no Mixed Martial Arts, popularmente conhecido como MMA. Iniciou no esporte como atleta, mas em 2007 foi convidada para ser juíza em uma competição e desde então se tornou a primeira mulher a arbitrar MMA no Brasil. “É um esporte muito masculino, sou árbitra central, são mais ou menos cinco nos país inteiro. O mais difícil, nesse caminho, sempre será o nosso espaço no meio”, conclui ela.
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